Solidariedade e humanismo durante a pandemia

Por Luiz Carlos Motta

Estamos chegando na metade do ano e os números sobre desemprego e fome continuam
preocupantes. Além dos 14,8 milhões de desempregados, há 6 milhões de desalentados, ou
seja, pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar vaga, segundo o IBGE. A
maior parte de quem conseguiu uma ocupação (81%) foi no mercado informal, de menores
salários e condições mais precárias.

O reflexo deste cenário aparece em outro índice alarmante: aproximadamente 117 milhões de
pessoas estão em situação de insegurança alimentar ou passando fome no Brasil, de acordo
com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. O
número, que corresponde a mais da metade da população brasileira, engloba pessoas que não
se alimentam como deveriam, com qualidade e em quantidade suficiente.
Além de ser o maior índice em 17 anos, é quase o dobro do registrado em 2018, quando o
IBGE identificou 10 milhões de brasileiros nessa condição. A pesquisa atual mostrou que as
mais vulneráveis são as mulheres de periferia, chefes de família, negras e com baixo nível de
escolaridade.

Solidariedade
Diante desse quadro, gostaria de destacar o relevante papel desempenhado pelos sindicatos,
principalmente os que representam a maior categoria profissional urbana do Brasil, os
comerciários, que somam 12 milhões no país e 2,7 milhões só no Estado de São Paulo. Sou
muito grato a essa categoria onde iniciei minhas atividades profissionais.

Neste período de pandemia, as ações solidárias praticadas pelos 71 Sindicatos filiados à
Fecomerciários estão amenizando o sofrimento de milhares de famílias, muitas delas que
perderam entes queridos para a Covid-19. Arrecadações e distribuições de alimentos não
perecíveis aos necessitados avançam na base comerciária em grande número de cidades.

Como se trata de uma crise sanitária, a saúde tem ganhado atenção especial. Tem crescido o
número de convênios com hospitais, consultórios médicos e laboratórios de análises clínicas,
entre outros. Em Presidente Prudente, por exemplo, recente parceria permite a sócios e
dependentes do Sincomerciários fazerem o teste para a Covid-19 com desconto.

Já o Sincomerciários de Rio Preto está prestes a encerrar, com sucesso, a campanha “Sangue
Comerciário”, lançada em 1º de Maio (Dia do Trabalho) com o Hemocentro local, para
completar os estoques em baixa. Os sócios que doam sangue recebem uma cesta básica do
Sindicato. Além de solidário, o empenho dos nossos sindicatos é humanitário.

Esperança
Tenho encorajado lideranças sindicais de todos os segmentos a adotarem campanhas para
aliviar o sofrimento das famílias que enfrentam dificuldades. Os desafios são enormes. Na
Câmara Federal tenho apresentado Projetos de Lei e votado sim para todas as iniciativas que
beneficiam os trabalhadores empregados, os desalentados, os desempregados, os segurados do INSS e os que não conseguem mais pagar os aluguéis. Por esse motivo, aprovei o Projeto de
Lei que já está no Senado, que proíbe o despejo ou desocupação de imóveis até o fim do ano.

Ao mesmo tempo, tenho trabalhado incansavelmente para facilitar o acesso aos
financiamentos para as micro, pequenas e médias empresas para que elas não fechem suas
portas e continuem sendo responsáveis pela maior geração de empregos do país. As vacinas
continuam chegando e, com elas, a esperança de que os empregos voltem e, com eles, a
estabilidade das famílias e do Brasil.

Luiz Carlos Motta é deputado federal (PL/SP) e presidente da Fecomerciários e da CNTC.